Robert Redford anunciou o fim da sua carreira como ator aos 81 anos.
A confirmação oficial surgiu numa entrevista à revista Entertainment Weekly (EW), o que fará de "The Old Man & the Gun" o seu último filme: estreia nos EUA a 28 de setembro e tem como colegas no elenco os vencedores dos Óscares Casey Affleck e Sissy Spacek.
"Nunca digas nunca, mas cheguei a conclusão de que isto seria o fim para mim em termos de representação, e que seguiria para a reforma depois disto porque ando a fazê-lo desde os 21 anos. Pensei: 'Bem, já chega'. E por que não concluir com algo que é muito otimista e positivo?", explicou, referindo-se à comédia dramática onde interpreta o vigarista Forrest Tucker, cuja carreira a assaltar bancos e sucessivas fugas da prisão, mesmo depois dos 60 anos, deixaram as autoridades "às aranhas" e fascinaram o público.
O ator explicou que o contexto e a história também o levaram a tomar a sua decisão: "Para mim, foi uma personagem maravilhosa para interpretar nesta fase da minha vida. A coisa que realmente me cativou sobre ele — que espero que o filme transmita — é que ele assaltou 17 vezes e foi apanhado 17 vezes e foi para a prisão 17 vezes. Mas que também fugiu 17 vezes. Portanto, isso fez-me pensar: se ele não gostava de ser apanhado para poder apreciar a verdadeira emoção da sua vida, que é fugir?".
Robert Redford já tinha revelado a sua intenção de se reformar numa longa entrevista ao seu neto Dylan Redford em novembro de 2016, altura em que explicou que se iria dedicar exclusivamente à realização de filmes.
Na entrevista agora à EW, o ator revelou menos certezas sobre se continuará a ser realizador: "É algo a ver".
Visto como um dos rostos masculinos mais bonitos e fotogénicos das décadas de 60 a 80, Robert Redford conseguiu ultrapassar a condição de menino-bonito de Hollywood e estabelecer-se como um dos principais nomes da Sétima Arte. Fê-lo apostando em filmes arriscados e politicamente empenhados, associando-se a causas liberais, apoiando o cinema independente e fazendo carreira como realizador de prestígio.
Após o seu primeiro grande sucesso no teatro, em 1963, na peça "Descalços no Parque" de Neil Simon, saltou dois anos mais tarde para o papel de co-protagonista com "O Estranho Mundo de Daisy Clover", ao lado de Natalie Wood.
A partir daí nunca mais parou, com interpretações muito elogiadas em filmes de sucesso como "Dois Homens e Um Destino", "As Brancas Montanha da Morte", "O Candidato", "O Nosso Amor de Ontem", "A Golpada", "Os Três Dias do Condor", "Os Homens do Presidente" e "África Minha".
Mais recentemente surgiu em 'blockbusters' como "Capitão América: O Soldado do Inverno" e "A Lenda do Dragão", e numa proposta de cinema arriscada como era "Quando Tudo Está Perdido", onde era o único ator em cena e pelo qual recebeu algumas das críticas mais entusiasmadas da sua carreira, bem como aconteceu com "Nós, ao Anoitecer", produção Netflix onde reencontrou Jane Fonda.
Em 1980, começou a carreira de realizador com o pé direito, ao assinar o drama "Gente Vulgar", em que não participa como ator e que lhe valeu o Óscar de Melhor Realização, o único do seu currículo ganho em competição (ganhou um Óscar honorário em 2002 pelo conjunto da carreira).
Prosseguiu o seu percurso de realizador com sucesso nos filmes "O Segredo de Milagro", "Duas Vidas e Rio", "Quiz Show", "A Lenda de Bagger Vance" e "A Conspiradora", acumulando com a representação em "O Encantador de Cavalos", "Peões em Jogo" e "Regra de Silêncio".
Mas o seu maior motivo de orgulho parece ser a criação em 1981 do Sundance Institute, para aspirantes a cineastas, que assumiria em 1985 o controlo de um festival de cinema já existente no Utah e o transformaria no mais importante certame do mundo dedicado ao cinema independente, o Festival de Sundance.
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