Rachel Zegler, a protagonista da nova versão Disney de "Branca de Neve e os Sete Anões", pode estar impedida de falar sobre os seus filmes (estreados ou inéditos) por causa da atual greve do Sindicato dos Atores de Hollywood, mas está no centro de uma polémica crescente nas últimas semanas por causa de declarações antigas.
Alvo de críticas racistas após ser anunciada como a protagonista em junho de 2021, a atriz latina de 22 anos volta agora a ser contestada: após terem sido recuperados os excertos de várias entrevistas, os fãs estão a partilhar a sua revolta nas redes sociais pelas suas opiniões e pelo tom de "desprezo" sobre o legado do clássico da animação de 1937 e como será diferente o filme que chegará às salas em março de 2024.
Num vídeo que junta vários exemplos, uma fã comenta que acha que nunca viu "uma princesa tão condescendente e presunçosa" na sua vida e escreve "qual a razão para fazeres a nova versão se odeias assim tanto o original".
"O desenho animado original saiu em 1937 e isso é muito evidente. Há um grande foco na sua história de amor com um tipo que literalmente a persegue. Bizarro, bizarro. Portanto, não fizemos isso desta vez" é um dos excertos a circular pelo TikTok e X (antigo Twitter) que tem gerado mais críticas.
Antes de tornar as suas mensagens privadas, uma utilizadora do X escreveu: "O novo elenco de 'Branca de Neve' tem algo de bom a dizer sobre o original? Diria que é um dos filmes antigos da Disney que envelheceu BEM. É simples, mas inofensivo. É notável o quão bem envelheceu. Além disso, chamá-lo de 'cartoon' é desrespeitador...".
Noutro excerto, Rachel Zegler diz que "detestou" o filme original, que achou "assustador" e estava a "falar muito a sério" quando garantia que só o viu uma vez.
A atriz também comentou que era "extremamente datado no que diz respeito a mulheres estarem em posições de poder" e que a sua personagem iria aprender a tornar-se "uma líder fantástica" na nova versão.
Também foi recuperado o que disse na convenção D23 Expo, no verão de 2022, quando lhe perguntaram se o novo filme teria uma "abordagem moderna".
"Já não estamos em 1937", começou por responder, mas quando Gal Gadot, que interpreta a Rainha Má, acrescentou que o Príncipe Encantado não iria salvar a Branca de Neve, desenvolveu o que estava a pensar: "Ela não vai ser salva pelo príncipe e não vai estar a sonhar com o amor verdadeiro. Ela sonha em tornar-se a líder que sabe que pode ser e a líder que o seu falecido pai lhe disse que poderia ser se fosse destemida, justa, corajosa e verdadeira".
E reforçava: "Temos uma abordagem diferente do que tenho certeza que muitas pessoas vão assumir que é uma história de amor só porque escolhemos um tipo para o filme. Não é realmente sobre a história de amor, o que é realmente maravilhoso".
Uma fã descreveu: "Tens razão, já não estamos em 1937. E sabes o que as mulheres também não têm de fazer? Escolher entre uma carreira ou o amor, podemos ter ambos. A ideia de fazer uma mulher escolher apenas uma opção não é feminismo".
Também não caiu bem a especulação de que as cenas com o príncipe interpretado pelo norte-americano Andrew Burnap até "poderiam ser cortadas", dizendo em tom depreciativo e bem disposto "Quem sabe? É Hollywood, baby".
Quando Rachel Zegler reagiu indiretamente a 11 de agosto ao que se passou nas últimas semanas com a mensagem "espero que o mundo se torne mais gentil", uma fã recordou-lhe: "NÃO és um exemplo de gentileza. Apareces frente às câmaras a rir do facto de que o Andrew Burnap pode ver todas as suas cenas cortadas. Achas que isso é uma coisa gentil de se fazer? Em breve estarás na lista negra em Hollywood. Ninguém vai querer trabalhar contigo ou contratar-te, isso é Hollywood, baby!".
E a mesma fã acrescentou quando lhe disseram que as pessoas estavam a dar demasiada importância a um filme Disney: "Não se trata apenas de um filme Disney. Este filme foi a primeiro longa-metragem de animação a ser colocado no grande ecrã. Foi a maior conquista do Walt e é seu legado. Faça uma pequena pesquisa sobre por que razão as pessoas estão tão chateadas. Este filme fez história".
Já "desconfiados" do título ser apenas "Branca de Neve", excluindo a referência aos "sete anões" (que se vão chamar "criaturas mágicas", segundo a Disney para "evitar reforçar os estereótipos do filme de animação original”) e por algumas imagens que apareceram 'online' com Rachel Zegler no guarda-roupa da protagonista, alguns fãs desconfiam sobre o que será a versão da história que vai chegar ao cinema em 2024.
"As pessoas querem exatamente a mesma personagem [na nova versão] em imagem real", disse Brittany Eldridge, editora de comentários do International Journal of Disney Studies, à BBC.
“Foi isso que eles [Disney] fizeram com [a versão de 2015 do] 'Cinderela'. E é isso que eles estão a procurar novamente porque o 'Cinderela' foi quase um trabalho de 'copy-and-paste' [copiar e colar']. Acho que tem muito a ver com a nostalgia e querer reviver a mesma experiência que se viveu originalmente quando se passou por isso", explicou.
E acrescentou: "[Mas] todo o objetivo dos contos de fadas é adaptar-se e evoluir e é isso que estamos a ver aqui com a Disney."
Mas são muitos os fãs que discordam dessa abordagem preconizada pelas declarações da protagonista do novo "Branca de Neve".
"Podia escrever uma tese de mestrado sobre o pseudo feminismo que é criticar as princesas da Disney", disse uma utilizadora do TikTok.
"Só porque uma mulher valoriza algo diferente não faz com que ela tenha menos valor. Algumas mulheres querem uma carreira e não o casamento. Algumas mulheres querem um casamento ou família e não um emprego. Algumas mulheres querem AMBOS. Todas devem ser ouvidas, vistas e valorizadas. Escrevam histórias sobre TODAS as mulheres e descrevam TODAS como tendo valor e sendo dignas em vez de tentar moldá-las numa imagem específica do que vocês consideram dignas", acrescentou.
"A Rachel Zegler está a destruir sozinha este filme. O meu feed do TikTok está cheio de pessoas de todos os lados a partilhar sobre como está errada a sua atitude de m**** 'sou mais santa do que tu' e que a Branca de Neve não precisa ser moderna", escreveu outra utilizadora do X, acrescentando, em resposta a quem sugeriu que deviam mudar o título ao filme, que "honestamente, isso teria sido melhor em geral. Se não gostam muito da personagem ou do conto de fadas, escrevam algo novo. Não deitem fora uma história com 200 anos".
"A Branca de Neve não é problemática. o príncipe NÃO é um perseguidor. Ele despertou-a de uma maldição. Este filme é a primeiro longa-metragem de animação, uma peça-chave da história do cinema. A estrela do filme a arrasá-lo é problemático", escreveu outro fã.
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