O principal rosto da Netflix marcou presença na Time100 Summit em Nova Iorque na quarta-feira e fez declarações que estão a dar que falar.

O co-presidente executivo foi questionado se a Netflix destruiu Hollywood, numa altura em que a indústria passa por grandes transformações, precipitadas pela pandemia, como a redução do tempo de exclusividade dos filmes nos cinemas (conhecido pelo termo profissional "janela"), as quebras de receitas de bilheteira e a quantidade cada vez maior de projetos rodados fora de Los Angeles.

"Não, estamos a salvar Hollywood", respondeu simplesmente Ted Sarandos (citado pela publicação Deadline).

E acrescentou que a Netlix é "uma empresa muito focada no consumidor. Entregamos o programa da forma que as pessoas querem ver".

"O que é que o consumidor nos está a tentar dizer?", perguntou ainda de forma retórica ao abordar o declínio das receitas de bilheteira dos cinemas, que ainda não recuperaram para os níveis antes do início da pandemia.

Apesar de garantir que "adora" as salas, Ted Sarandos pensa que a experiência de ver os filmes no grande ecrã e em comunidade "é uma ideia ultrapassada para a maioria das pessoas — não para todos".

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Nesta mesma semana, Ryan Coogler, o realizador de "Pecadores", o filme mais visto nos cinemas na América do Norte na sua estreia, fez a defesa dessa experiência ao agradecer o sucesso aos fãs.

“Tive a oportunidade de fazer um filme inspirado na minha família e na minha ancestralidade, mas sempre foi um filme que queríamos fazer para o público, nos cinemas. Sempre pensámos em vocês, o público, e sentimos uma profunda responsabilidade em entretê-los e comovê-los como só o cinema consegue. Acredito no cinema. Acredito na experiência de ver um filme em sala. Acredito que é um pilar necessário da sociedade. É por isso que eu e muitos dos meus colegas dedicamos as nossas vidas a esta arte. Não conseguimos fazer o que fazemos se vocês não aparecerem. O público global do cinema permitiu-me sonhar, encontrar uma carreira e construir uma vida mais sustentável para mim e a minha família", explicou numa carta emocional.

E acrescentava mais à frente: "Ver a vossa reação ao filme revigorou-me e a muitos outros que acreditam nesta forma de arte”.