A caminho dos
Óscares
Durante o século XX, as longas-metragens de animação tiveram de ir a jogo com os filmes de imagem real na corrida aos Óscares. Resultado: nunca chegaram muito longe na cerimónia, com a primeira nomeação ao Óscar de Melhor Filme a chegar apenas em 1992, para «A Bela e o Monstro».
A imensa qualidade que as longas de animação começaram a revelar a partir dos anos 90, somada à multiplicação de filmes estreados desde essa data e ao esmagador sucesso de muitos deles nas bilheteiras, levou a que a Academia acrescentasse finalmente o troféu de Melhor Longa-Metragem de Animação à sua lista de prémios oficiais, na 74.ª cerimónia de entrega de prémios da Academia, em 2002. O vencedor foi uma produção da DreamWorks Animation, «Shrek».
Como o número de longas-metragens estreadas nos EUA oscila anualmente entre as 10 e as 25, o número de nomeados ao troféu varia: num ano em que estreiam oito a 12 filmes, podem ser nomeados dois ou três; num ano em que estreiam 13 a 15 filmes, pode haver até quatro nomeações; e num ano em que estreiam mais de 16 filmes, chegam-se às cinco nomeações. Mas se até 2008 só uma vez se chegou às cinco nomeações, o aumento acelerado da produção de fitas de animação levou a que a partir de 2009, todos os anos tenha havido cinco filmes na corrida à estatueta dourada. Este ano bateu-se o recorde de filmes elegíveis ao troféu, nada menos que 33.
Veja na galeria todos os filmes que venceram o Óscar para Melhor Filme de Animação
A Pixar é a recordista de vitórias nesta categoria, com 11 Óscares decorrentes de 18 nomeações. A DreamWorks conseguiu 14 nomeações, mas tem apenas duas vitórias (ou uma e meia, tendo em conta que «Wallace e Gromit: A Maldição do Coelhomem» foi produzido com a Aardman). Por sua vez, a Disney conta com quatro estatuetas, correspondentes a 13 nomeações. Pete Docter vai à frente com três estatuetas, seguido de Andrew Stanton, Brad Bird, Lee Unkrich e Byron Howard com dois Óscares cada, o último por filmes da Disney («Zootrópolis» e «Encanto») e todos os outros por fitas da Pixar: Docter por «Up – Altamente», «Divertida-Mente» e «Soul - Uma Aventura com Alma», Stanton por «À Procura de Nemo» e «Wall.E», Bird por «The Incredibles - Os Super-Heróis» e «Ratatui», e Unkrich por «Toy Story 3» e «Coco».
«A Bela e o Monstro» foi a única fita de animação nomeada ao Óscar de Melhor Filme antes do número de nomeações ter sido ampliado para abarcar até 10 concorrentes. Depois, tanto «Up - Altamente» como «Toy Story 3» conseguiram acumular as nomeações de Melhor Filme com as de Melhor Longa-Metragem de Animação, vencendo na segunda categoria.
A cada vez maior riqueza e variedade de produções animadas vindas de todo o mundo tem feito com que tenham surgido de forma recorrente filmes que saem fora do tradicional eixo de produção anglo-saxónico e que têm ganho assim uma visibilidade internacional muito acrescida.
Até agora, em francês surgiram «Belleville Rendez-vous», «Persépolis», «Une Vie de Chat», «Ernest e Celestine», «A Minha Vida de Courgette» e «J'Ai Perdu Mon Corps», além de «O Mágico» e «A Tartaruga Vermelha», praticamente sem diálogos (tal como o brasileiro «O Menino e o Mundo» e os britânicos «A Ovelha Choné» e «A Ovelha Choné O Filme: A Quinta Contra-Ataca»); em espanhol foi a jogo «Chico & Rita», além de «Robot Dreams», que também não tem qualquer diálogo; em dinamarquês entrou na corrida «Flee - A Fuga» e em japonês brilharam sete títulos: «A Viagem de Chihiro», «O Castelo Andante», «As Asas do Vento», «O Conto da Princesa Kaguya», «Memórias de Marnie», «O Rapaz e a Garça» e «Mirai», com o primeiro a levar a estatueta para casa e os seis primeiros a pertencerem ao Studio Ghibli. Em 2022, «Flee - A Fuga» conseguiu também o prodígio de ser nomeado em simultâneo para o Óscar de Melhor Filme Internacional e o Óscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem.
Embora falados em inglês, também conquistaram imensa projeção internacional quatro filmes do estúdio irlandês Cartoon Saloon: «O Segredo de Kells», «A Canção do Mar», «A Ganha-Pão» e «Wolfwalkers», além do polaco «A Paixão de Van Gogh» e dos independentes norte-americanos «Marcel the Shell with Shoes On» e «Anomalisa», este último o primeiro nomeado nesta categoria a ter recebido a classificação etária de Restricted nos EUA, ou seja com entrada restringida aos menores de 17 anos”.
Cada vez mais, a Netflix tem ganho o seu espaço nesta categoria: nos últimos cinco anos, conseguiu colocar nada menos que sete filmes na corrida, três que distribuiu («J'Ai Perdu Mon Corps», «Os Mitchell Contra as Máquinas» e «Nimona») e quatro que produziu («Klaus», «Para Além da Lua», «O Monstro Marinho» e «Pinóquio de Guillermo del Toro», com este último a ganhar a estatueta dourada).
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