Jon Bernthal trabalhou com Kevin Spacey em "Baby Driver - Alta Velocidade", um dos grandes sucessos de bilheteira do último verão, mas a experiência não deixou boas memórias.
Numa entrevista a um programa da SiriusXM, revelou que não ficou muito surpreendido com as acusações de assédio sexual feitas contra o vencedor de dois Óscares.
Inicialmente entusiasmado com a oportunidade pois Kevin Spacey era um dos seus atores preferidos desde que o viu na peça "The Iceman Cometh" em Londres, o encontro em "Baby Driver" acabou por ser uma desilusão.
"Ir para aquela rodagem e trabalhar com ele, não estive lá muito [tempo] e não estava numa situação para o julgar, mas quando estava lá, ele realmente deixou-me uma má impressão. Achei que ele tinha algo de 'bully'. Não gostei da forma como ele se portava com algumas das outras pessoas no 'set'", admitiu o atual protagonista da série "O Justiceiro" da Netflix.
O ator disse a seguir que reparou que muito do comportamento agressivo de Kevin Spacey tinha como alvo outros homens na rodagem.
"Na altura, lembro-me de pensar 'Se ele estivesse a falar com uma mulher, teria feito alguma coisa, teria dito alguma coisa. Fiquei realmente contente por acabar por sair dali para fora por essa razão e recordo-me de ter perdido imenso respeito por ele", recordou.
"Não vi em lado nenhum nada como algumas das alegações que surgiram contra ele e acho que seria mau da minha parte adicionar alguma coisa sobre algo que desconheço, mas o tipo de homem que ele foi quando o vi a trabalhar fez-me perder todo o respeito por ele e apanhei uma enorme desilusão", concluiu.
Uma queda vertiginosa
A reputação de Kevin Spacey começou a ser arrasada a 30 de outubro quando, inspirado pelas várias denúncias de assédio sexual e violação a nomes poderosos em Hollywood nas últimas semanas e particularmente pelo caso Harvey Weinstein, o ator Anthony Rapp, que fez carreira em vários musicais da Broadway e participa na série "Star Trek: Discovery", acusou-o de, em 1986, quando Rapp tinha 14 anos e Spacey 26, de ter feito uma "investida sexual agressiva" contra si depois de uma festa em Nova Iorque.
Em resposta às acusações de Rapp, Kevin Spacey partilhou na sua conta de Twitter um pedido de desculpas e assumiu a sua homossexualidade.
Spacey começou por dizer que não tinha memória do encontro mas desculpa-se pelo que Anthony Rapp o acusa de ter feito.
"Honestamente, não me recordo do encontro, que teria sido há 30 anos. Mas se me comportei como ele descreve, devo-lhe um sincero pedido de desculpas por aquilo que terá sido um comportamento verdadeiramente inadequado e alcoolizado, e lamento os sentimentos que ele descreve ter carregado consigo durante todos estes anos", disse o ator.
A seguir, falou sobre a sua vida privada e confirmou que é homossexual.
"Sei que há histórias sobre mim e que algumas foram alimentadas pelo facto de eu ser tão protector em relação à minha privacidade. Como os que são mais próximos de mim sabem, na minha vida tive relações com mulheres e homens. Amei e tive encontros românticos com homens ao longo da minha vida, e escolho agora viver como um homem gay", acrescentou Spacey no Tweet.
A mistura na declaração de pedofilia e homossexualidade foi amplamente criticada por vários setores.
Entretanto, surgiram outras acusações do realizador Tony Montana, o ator mexicano Roberto Cavazos, do ator americano Harry Dreyfuss (filho de Richard Dreyfuss) e um ex-funcionário do teatro londrino Old Vic.
Outro ator, sob anonimato, também afirmou que a estrela de Hollywood o tentou violar quando ele tinha 15 anos.
Segundo a CNN, oito atuais e antigos funcionários de “House of Cards” acusaram Spacey de ter tornado tóxico o ambiente da produção de "House of Cards", por causa do assédio sexual.
Um porta-voz do ator afirmou à imprensa que Kevin Spacey vai submeter-se a tratamento.
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