O cineasta Neill Blomkamp ficou inicialmente confuso ao receber um convite da Sony para realizar um filme baseado no jogo de vídeo "Gran Turismo".
"Queria ler o guião inteiro para perceber do que é estavam a falar, porque não fazia sentido. Obviamente, é apenas um simulador de corridas", disse à AFP.
Sem personagens como canalizadores italianos ou zombies infetados por fungos, "Gran Turismo" teve uma abordagem diferente para ser adaptado ao grande ecrã.
O argumento do filme tem como inspiração uma ação de marketing implementada em 2008, quando a Sony e a Nissan lançaram uma competição em que os melhores jogadores do simulador de corrida poderiam testar as suas habilidades em circuitos reais.
Foi então que a GT Academy tirou os jogadores de PlayStation dos seus quartos e colocou-os ao volante de um carro real. O campeão de cada ano poderia competir contra pilotos profissionais em circuitos mundialmente conhecidos, como Silverstone e Le Mans.
Um deles, Jann Mardenborough, um adolescente da classe trabalhadora do Reino Unido que foi um dos primeiros jogadores da GT Academy a competir em corridas reais, é o protagonista do filme.
"Chamou-me a atenção pensar nele como uma biografia, mas também como um filme de videojogos", disse Blomkamp, que dirigiu "Distrito 9" (2009) e "Elysium" (2013).
Tema sensível
A produção não ficou isenta de críticas, como a do jornal britânico The Guardian, que a considerou uma "ode ao 'product placement'".
Outros elogiaram, porém, a surpreendente carga emocional do filme, sobretudo com a narrativa de um acidente fatal que envolve Mardenborough.
Em 2015, no famoso circuito de Nurburgring na Alemanha, o carro do piloto inglês capotou verticalmente no ar e bateu numa cerca, matando um espectador e ferindo vários outros.
Mardenborough foi absolvido, embora o filme sugira que os puristas das corridas que não gostavam do seu passado no videojogo continuaram a falar sobre o ocorrido.
"Não se pode contar a sua história sem levar isso em conta. É uma parte fundamental da sua trajetória", disse Blomkamp, ressaltando o tema "super sensível" para Jann.
Embora o verdadeiro Mardenborough tenha feito acrobacias ao volante durante as filmagens, o acidente foi recriado recorrendo a tecnologia "100% digital".
"Tentámos reproduzir perfeitamente o que o carro fez, a partir das imagens que encontrámos", disse o realizador, acrescentando que não foram usados duplos graças aos efeitos visuais gerados.
A divulgação do filme também foi impactada pela greve dos argumentistas e atores em Hollywood, que exigem melhores condições contratuais.
A Sony decidiu, então, adiar a estreia nos cinemas nos EUA, desta sexta-feira para 25 de agosto, e organizou algumas sessões com fãs na esperança de ajudar a promover a produção boca a boca.
"As estrelas não podem promover o filme, mas o público pode", disse um porta-voz da Sony.
No entanto, o filme já chegou às salas portuguesas, nas quais pode ser visto deste esta quinta-feira, 10 de agosto.
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