O filme “Manas”, da realizadora brasileira Marianna Brennand e coproduzido por Portugal, venceu o prémio de melhor realização do programa “Dias dos Autores”, paralelo ao Festival de Cinema de Veneza, anunciou hoje o júri em Itália.
Neste programa, no qual estão também os filmes “Kora”, de Cláudia Varejão, e “Sempre”, de Luciana Fina, o júri decidiu atribuir o principal prémio a Marianna Brennand por ter abordado, de uma forma “tão delicada”, o tema “extremamente sensível e difícil do abuso, tanto no contexto doméstico em contextos mais sistemáticos”.
“Manas” é a primeira longa-metragem de ficção de Marianna Brennand e resulta de uma década de investigação sobre abusos sexuais e exploração e crianças e adolescentes na Ilha do Marajó, na Amazónia, lê-se na nota biográfica dedicada à cineasta.
O filme é uma produção brasileira que conta com coprodução minoritária da portuguesa Fado Filmes, de Luís Galvão Teles.
O prémio, de 20.000 euros, será repartido entre a realizadora e o distribuidor internacional, para impulsionar a sua circulação em sala.
Em 2022, este prémio do programa “Dias dos Autores” foi atribuído a Cláudia Varejão pela longa-metragem “Lobo e Cão”.
Este ano, a realizadora estreou em Veneza “Kora”, que é uma curta-metragem sobre mulheres refugiadas que vivem em Portugal, a partir das fotografias que as protagonistas trazem consigo.
Veneza descreveu o filme como "um manifesto contra a guerra e a discriminação das mulheres".
"Sempre" é um documentário de montagem que a artista italiana Luciana Fina fez a partir dos arquivos da Cinemateca Portuguesa, na sequência de um convite à autora para assinalar os 50 anos da Revolução de Abril de 1974.
"Sempre" aborda a repressão da ditadura do Estado Novo, o processo revolucionário em curso que se sucedeu, a descolonização, entre outras questões, mas também “repropõe os gestos de grandes cineastas que entraram em ação juntamente com artistas, compositores e realizadores de rádio”, que registaram os acontecimentos, lê-se na sinopse.
Luciana Fina, que colabora há vários anos com a Cinemateca Portuguesa, tem desenvolvido um trabalho visual destinado tanto a salas de cinema como a galerias e museus.
A 21ª. edição de “Dias dos Autores” termina no sábado.
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