O festival de cinema Porto/Post/Doc, dedicado ao documentário e a todas as suas fronteiras com a ficção, inicia hoje a 10.ª edição e um dos destaques é a inclusão do Batalha – Centro de Cinema.
Em entrevista à agência Lusa, o diretor do festival Dario Oliveira lembrou que em quase dez anos o Porto mudou na relação com o cinema.
“Quando nós começámos, não havia nenhuma sala aberta comercialmente na baixa. Dez anos depois, conseguimos que na cidade - não graças a nós, mas participámos nesse movimento – [houvesse] a abertura de duas salas do cinema Trindade com público fiel, e reabriu o cinema Batalha, com a participação enorme de públicos mais jovens (…). Os cursos de cinema abundam na cidade e não era essa a realidade há dez anos”, disse o programador.
Dario Oliveira defende a ideia de que “a sala de cinema é um lugar privilegiado” para a reflexão e que o festival segue esse propósito.
Nesta edição, o festival quer pôr os espectadores a pensar sobre a atualidade, em particular sobre contextos de guerra, e quer regressar “à forma de expressão artística mais antiga da humanidade, que é contar histórias oralmente”, através do cinema.
A competição internacional tem dez filmes, todos em estreia nacional, nomeadamente “Bye Bye Tibériade”, de Lina Soualem, “El eco”, de Tatiana Huezo, e “While the Green Grass Grows”, de Peter Mettler.
Entre os filmes portugueses escolhidos para o festival estão “2720”, de Basil da Cunha, “Astrakan 79”, de Catarina Mourão, “Naquele dia em Lisboa”, de Daniel Blaufuks, e “Verdade ou consequência?”, de Sofia Marques.
O Porto/Post/Doc associa-se ainda aos cinquenta anos do Hip Hop, com seis propostas cinematográficas, entre elas “Freestyle: The art of Rhyme”, com a presença do realizador Kevin Fitzgerald, e “Não consegues criar o mundo duas vezes”, de Catarina David e Francisco Noronha, e com debates moderados por Ricardo Farinha e Rui Miguel Abreu.
A abertura é feita com o documentário “Vai no Batalha”, de Pedro Lino, sobre a emblemática sala de cinema, reabilitada e reaberta em 2022, e encerrará com “Time takes a cigarette”, de Aya Koretzky.
Este ano, pela primeira vez, haverá um laboratório de trabalho e mentorias, “cujo objetivo é apoiar o desenvolvimento de uma nova geração de críticos”, e estão previstos também encontros de coprodução, de desenvolvimento de projetos com outros países e mercados.
Ainda na programação complementar à exibição, o Porto/Post/Doc contará ainda com o projeto "Working Class Heroes", para apoiar a produção audiovisual no Porto e sobre o Porto, tendo sido escolhidos este ano os realizadores Carla Andrade, Luísa Homem e Tomás Baltazar, cujos projetos serão desenvolvidos nos dois anos seguintes.
Toda a programação do Porto/Post/Doc, que decorre até 25 de novembro. está em www.portopostdoc.com.
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