(Notícia atualizada às 15h03)
O mais recente trailer de “Megalopolis”, o novo filme de Francis Ford Coppola, foi oficialmente retirado pela distribuidora menos de 12 horas após o lançamento na quarta-feira por usar citações de críticas negativas a outros clássicos do realizador que eram falsas.
No que parecia ser um exemplo de marketing mais provocador e combativo da Lionsgate, após o filme ter saído do Festival de Cannes em maio sem prémios e a dividir os críticos entre uma "verdadeira obra-prima moderna" e "catástrofe", o trailer começava com a narração inicial do ator Laurence Fishburne a anunciar que "o verdadeiro génio é muitas vezes incompreendido" antes de apresentar citações de críticas negativas brutais que receberam na sua época filmes como "O Padrinho" (1972), "Apocalypse Now" (1979) e "Drácula de Bram Stoker" (1992).
O problema é que as citações eram falas ou de outros filmes e, como foi destacado nas redes sociais, isso provavelmente teria passado despercebido se não tivessem sido usados os nomes de lendários críticos como Pauline Kael,Roger Ebert ou Andrew Sarris, cujas opiniões são mais facilmente pesquisáveis.
“A Lionsgate está a remover imediatamente o nosso trailer de ‘Megalopolis’. Apresentamos as nossas sinceras desculpas aos críticos envolvidos e a Francis Ford Coppola e à [produtora do realizador] American Zoetrope por este erro indesculpável no nosso processo de verificação. Fizemos asneira. Lamentamos”, diz o comunicado sobre a rara decisão.
Agora, sucedem-se os rumores: as citações terão sido criadas por Inteligência Artificial e isto foi uma provocação de Coppola para alertar para os seus perigos e a facilidade com que se consegue espalhar desinformação, um dos temas do seu filme, sobre uma sociedade futurista decadente? Ou terá tudo isto sido mesmo deliberado para causar controvérsia e fazer com que se falasse do filme, que chega aos cinemas nos EUA dentro de cinco semanas?
O crítico da Variety Owen Gleiberman, que viu frases inventadas serem atribuídas a textos seus no ‘trailer’ de “Megalopolis”, disse, citado pela publicação: “Mesmo se és uma daquelas pessoas que não gosta de críticos, pouco merecemos que nos ponham palavras na boca. O escândalo trivial de tudo isto é que todo o ‘trailer’ está assente numa falsa narrativa”.
“Os críticos adoraram ‘O Padrinho’. E apesar de ‘Apocalypse Now’ ter gerado divisão, recebeu muito apoio fundamental da crítica. Quanto a eu ter classificado ‘Drácula’ como ‘uma linda confusão’, quem me dera ter dito isso. Em relação a esse filme, soa generoso”, acrescentou o crítico.
Recentemente, foi divulgado que a produção de "Megalopolis" foi investigada por alegada má conduta do realizador durante as filmagens, depois de terem sido divulgados vídeos de Coppola a abraçar e beijar figurantes.
O novo épico que o realizador financiou do seu bolso (mais de 100 milhões de dólares) tem um enredo difícil de resumir, tratando-se de uma fábula romana ambientada numa América Moderna imaginada que relata os esforços de um arquiteto ambicioso - protagonizado por Adam Driver - para fazer renascer uma Nova Iorque em decadência, atrapalhados por um presidente de câmara ressentido (Giancarlo Esposito).
O elenco conta ainda com nomes como Aubrey Plaza, Shia LaBeouf e Dustin Hoffman.
A estreia em Portugal está confirmada com a distribuição da Midas Filmes, faltando anunciar a data de estreia.
Francis Ford Coppola, de 85 anos, é um dos maiores nomes do cinema norte-americano do século passado, com uma série de filmes da sua autoria a constarem repetidamente das listas de melhores obras de sempre, desde “O Padrinho” e a sua primeira sequela (1974) a “O Vigilante” (1974) e “Apocalypse Now” (1979).
Comentários