Conhecida por filmes como "A Origem" e "Linha Mortal", e nomeada para os Óscares por "Juno", Ellen Page decidiu juntar-se às atrizes que arrasam o comportamento do realizador Brett Ratner, que foi acusado por várias de assédio sexual.
Num longo relato nas redes sociais, descreve ainda "Para Roma com Amor", o filme que fez em 2012 às ordens de Woody Allen, como "o maior erro da minha carreira".
A atriz revela como Brett Ratner, com quem trabalhou em "X-Men: O Confronto Final" (2006), decidiu expor a sua orientação sexual à frente de todos os atores e equipa numa sessão de apresentação antes de começar a rodagem: "Tinha 18 anos. Ele olhou para uma mulher ao meu lado, dez anos mais velha, apontou para mim e disse: 'Devias fazer sexo com ela para a fazer perceber que é gay'.
"Eu era uma jovem adulta que ainda não tinha admitido o que era. Sabia que era gay, mas não sabia, por assim dizer. Senti-me violada quando isto aconteceu. Olhei para os meus pés, não disse nada e vi como também mais ninguém o fez. Este homem, que me tinha escolhido para o filme, começou os nossos meses de rodagem num evento de trabalho com este apelo horrível e incontestável. Ele 'denunciou-me' sem qualquer respeito pelo meu bem-estar, um ato que todos reconhecemos como homofóbico", revelou a intérprete de Kitty Pryde/Shadowcat.
No entanto, o comportamento do realizador não se ficou por aí: "Continuei a vê-lo na rodagem a dizer coisas degradantes às mulheres".
Apesar disso, foi ela que acabou repreendida pelos produtores quando recusou usar uma t-shirt a dizer "Equipa Ratner": "Era uma atriz que ninguém conhecia. Tinha 18 anos e não tinha os instrumentos para saber como lidar com a situação".
A trabalhar profissionalmente desde os 10 anos, Page também recorda outros episódios escabrosos, como o assédio aos 16 por outro realizador durante um jantar, que lhe disse que tinha que ser ela a tomar a iniciativa porque ele não podia, bem como um ataque sexual alguns meses mais tarde feito pelo técnico de um filme.
A atriz afirma ainda que não era segredo que o humorista Bill Cosby e o produtor Harvey Weistein eram predadores e muitos escolheram "olhar para o outro lado", tornando-se cúmplices.
Condenando também a celebração do realizador Roman Polanski, que "foi condenado por drogar e violar uma jovem e que escapou à sentença", acrescentou que a lista de abusadores "é grande e ainda protegida pelo sistema. Temos trabalho a fazer. Não podemos olhar para o outro lado".
A esse propósito, Ellen Page revela que foi um erro fazer "Para Roma com Amor" (2012) ao lado de Jesse Eisenberg, realizado por Woody Allen, também alvo de acusações de abuso sexual.
"Fiz um filme com Woody Allen e é o maior arrependimento da minha carreira. Tenho vergonha de ter feito isto. Ainda tinha de descobrir a minha voz e não era quem sou agora e senti-me pressionada, porque 'claro que tens de dizer sim a este filme de Woody Allen'. No entanto, em última análise, sou eu que escolho os filmes que decido fazer e fiz uma escolha errada. Fiz um erro horrível."
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