Rãs, no concelho de Sátão, é o primeiro local onde poderá ser visto “Imaterial – cinco itinerários do que fica”, seguindo-se Oliveira do Conde (Carregal do Sal), Tondela e Vila Nova de Paiva, com a presença da equipa do filme e dos seus protagonistas.
“Não é um registo arquivístico da questão da imaterialidade, é principalmente um registo que retrata muito bem as nossas vivências regionais”, afirmou à agência Lusa Luís Brás.
O filme de 52 minutos, realizado na sequência de um desafio lançado pelo Cine Clube de Viseu, aproximará os espectadores de aspetos culturais e tradições da região, como o galramento de Molelos (Tondela), ex-votos, baldios, romarias e casas senhoriais, e interroga o que representa a imaterialidade deste património.
“As pessoas são muito apegadas a essas coisas imateriais e tratam-nas com muito carinho”, considerou Luís Brás.
No entanto, lamentou, “às vezes há muita dificuldade, talvez pela desertificação do interior, em que isso chegue ao poder político e que se perceba que essa imaterialidade faz parte do futuro”.
“Se a perdermos, perde-se a nossa história, perde-se aquilo que nos fez chegar ao ponto em que estamos”, alertou o realizador.
Luís Brás disse que “imaterialidade é uma palavra muito engraçada no âmbito cinematográfico, porque tudo o que se filma é material”.
Exemplificou com os ex-votos, que “são bastante materiais, mas referem uma imaterialidade”.
“São as promessas que as pessoas fazem fisicamente, em quadros, e que depositam normalmente nas igrejas para agradecer uma cura ou algo que achem que tem fundamento religioso”, explicou, contando que, a este respeito, o documentário se foca na Festa de Nosso Senhor dos Caminhos, em Rãs.
O realizador frisou que “aquilo que é imaterial é a assunção daquilo que é o passado e que está prestes desaparecer”.
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