A família de Bruce Willis anunciou esta quarta-feira o fim da carreira como ator após ter sido diagnosticado com afasia.
A afasia é um distúrbio da comunicação adquirido que interfere na capacidade de processamento da linguagem, sem afetar a inteligência. Prejudica a fala e a compreensão de outras pessoas e, em muitos casos, também compromete a leitura e a escrita.
A causa mais comum é um acidente vascular cerebral.
"Para os incríveis apoiantes do Bruce, como família queríamos partilhar que o nosso amado Bruce está a passar por alguns problemas de saúde e recentemente foi diagnosticado com afasia, o que está a afetar as suas capacidades cognitivas”, avança o comunicado nas redes sociais.
"Como resultado disso e com muita consideração, o Bruce vai afastar-se da carreira que significou tanto para ele", acrescenta a família.
“Este é um momento realmente desafiante para a nossa família e agradecemos o vosso amor, compaixão e apoio contínuos”. Estamos a passar por isto como uma forte unidade familiar e queremos incluir os seus fãs porque sabemos o que ele significa para vocês, como vocês para ele. Como o Bruce sempre diz,'Vivam' e juntos planeamos fazer exatamente isso", conclui o texto assinado por Emma Heming e Demi Moore, atual e ex-esposas do ator, e pelas cinco filhas.
Com 67 anos feitos a 19 de março (nasceu em 1955 na Alemanha, onde o seu pai conheceu a futura esposa quando fazia o serviço militar), os melhores tempos na carreira de Bruce Willis foram de 1997 a 2000, quando foram lançados "O 5º Elemento", "Armageddon", "O Sexto Sentido" e "O Protegido".
Por essa altura também chegaram os menos conseguidos "O Chacal", "Nome de Código: Mercúrio", "Uma Vida a Dois", "Um Homem Influente" ou "Nunca É Tarde".
Ou seja, a carreira, tão emocionante como os seus filmes, é de extremos, de onde podem surgir "Assalto ao Arranha-Céus" (1988) como um muito menos clássico "Die Hard: Nunca é Bom Dia para Morrer" (2013).
O que não muda, ou raramente, é a imagem que se lhe colou à pele: seja polícia, militar, mafioso ou corrupto, Bruce Willis, estrela de cinema, é um sedutor brincalhão e sarcástico. E duro.
Apesar do seu indiscutível carisma, a carreira no cinema esteve quase para acabar antes de começar.
Após várias peças teatrais e presenças não creditadas em alguns filmes («O primeiro Pecado Mortal», «O Príncipe da Cidade», «O Veredicto»), bateu três mil candidatos para o papel de David Addison na série «Modelo e Detective» (1985–89), onde tinha uma explosiva química com Cybill Shepherd.
A popularidade foi meteórica e Hollywood rapidamente lhe prestou atenção, mas «Encontro Inesquecível» (1987) e «Hollywood 1929» (1988), ambos realizados pelo lendário realizador de comédia Blake Edwards, foram grandes fracassos de bilheteira. De repente, parecia que o seu nicho seria mesmo o pequeno ecrã.
Foi à terceira que se deu o clique, quando foi escolhido para um filme de ação chamado «Assalto ao Arranha-Céus» (1988).
O detetive nova iorquino John MacLane, em Los Angeles de visita à esposa, tornou-se a sua segunda pele e definiu uma carreira com vários momentos altos intercalados com trabalhos que ele próprio acha péssimos... «A Fogueira das Vaidades» e «Hudson Hawk - O Falcão Ataca de Novo», que quase deitaram tudo a perder outra vez, «Zona de Impacto» ou «A Cor da Noite».
Pelo meio, conheceu e casou com Demi Moore em 1987, numa relação que terminou em 2000.
Nos anos mais recentes, Bruce Willis não parou de trabalhar, ainda que vários filmes nem tivessem chegado às salas de cinema. E irregular como sempre: se um «Fogo Contra Fogo» ou «Catch.44 Tiro Certeiro» podiam fazer pensar que o seu melhor já passou e estava em piloto automático apenas a trabalhar pelo cheque, surgiam logo a seguir títulos de qualidade como «Looper - Reflexo Assassino» ou «Moonrise Kingdom».
Meio a brincar, meio a sério, tornou-se popular a teoria de que se podia perceber quando Bruce Willis estava mesmo interessado no que estava a fazer e a mostrar o seu talento: as personagens tinham cabelo.
Em 2019, houve um regresso ao sistema dos estúdios de Hollywood para reencontrar o realizador M. Night Shyamalan e o ator Samuel L. Jackson em "Glass", a sequela tanto do seu "O Protegido" como de "Fragmentado" (2016), uma ligação que era estabelecida coma sua presença nos instantes finais deste filme.
A 7 de fevereiro deste ano, Bruce Willis fez história nos Razzies, os "Óscares para os piores", ao ter direito a uma categoria exclusiva que evidenciava a sua prolificidade: "Pior interpretação de Bruce Willis num filme de 2021".
"Cosmic Sin" ganhou o "prémio" e estavam ainda na corrida os filmes "American Siege", "Apex", "Deadlock", "Fortress", "Meia-Noite em Switchgrass", "Sem Hora Marcada" e "Survive the Game", mas as personagens representavam toda uma carreira: ex-polícia, xerife, militar aposentado, ex-espião, etc.
Segundo o popular IMDB, ainda serão lançados oito filmes de Bruce Willis este ano, com títulos como "Vendetta", "Fortress: Sniper's Eye", "The Wrong Place", "Soul Assassin", "Corrective Measures", " Wire Room", "White Elephant" e "Paradise City".
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