O cancelamento do filme "Batgirl" no verão de 2022, quando estava praticamente terminado, continua a ser uma ferida por cicatrizar para os seus realizadores.
Durante uma conversa sobre "Rebel", o seu novo filme, Adil El Arbi e Bilall Fallah partilharam a tristeza que sentiram quando foram ao cinema ver "The Flash", o filme da DC lançado no início de junho protagonizado por Ezra Miller e ainda com Sasha Calle, Michael Shannon e Michael Keaton no elenco.
"Vimos e ficámos tristes. Adoramos o realizador Andy Muschietti e a sua irmã Barbara, que produziu o filme. Mas quando o vimos, sentimos que poderíamos ter feito parte de tudo", disse Adil ao "Insider".
Destinado originalmente para a plataforma HBO Max, o filme tinha Leslie Grace como a protagonista Barbara Gordon/Batgirl e ainda Brendan Fraser e J.K. Simmons, além do regresso de Michael Keaton ao papel de Batman.
Com um orçamento de 90 milhões de dólares, foi cancelado no início de agosto de 2022 após a fusão da WarnerMedia com a Discovery Inc., refletindo uma mudança de estratégia no que diz respeito ao Universo DC e à HBO Max por parte da nova liderança da empresa que se passou a chamar Warner Bros. Discovery.
A decisão assumida pelo presidente executivo David Zaslav permitiu ao estúdio fazer uma manobra de contabilidade permitida pela mudança de mãos, assumindo que se tratava de um prejuízo da atividade e pagar menos impostos.
Nada disto serve de consolação à dupla belga de realizadores, conhecida por Adil e Bilall, lançada em Hollywood pelo sucesso de "Bad Boys Para Sempre".
"Não tivemos a oportunidade de mostrar ‘Batgirl’ ao mundo e deixar o público julgar por si mesmo. Porque o público é realmente o nosso chefe final e deve decidir se algo é bom ou mau, ou se algo deve ser visto ou não", disse Adil.
"O nosso filme era muito diferente de 'The Flash'. Esse tem uma grande componente de fantasia, o nosso era mais realista. Mais do género da Gotham City do Tim Burton", esclareceu, numa referência aos filmes "Batman" e "Batman Regressa", de 1989 e 1992, protagonizados precisamente por Michael Keaton.
Não mostrar o trabalho do ator no seu filme como Batman é a parte mais difícil de tudo o que aconteceu.
"Senti-me um miúdo no 'set' a trabalhar com o Keaton. Esqueci-me completamente que era o realizador", admitiu Bilall Fallah.
"Ele estava triste, mas também disse que se tinha divertido", acrescentou Adil sobre a reação do ator às más notícias.
Para Bilall, o que aconteceu foi a “a maior deceção das nossas carreiras” e "como um fã, estar simplesmente na presença de Keaton como Batman foi um privilégio e uma honra. Mas é uma sensação agridoce".
Por outro lado, os realizadores garantem que não estão ressentidos com a Warner Bros. e gostariam de voltar fazer um filme com a DC, cujo estúdio atualmente é liderado por James Gunn e Peter Safran.
“Ainda existe uma sensação de trabalho inacabado", admitiu Bilall.
“O nosso amor pela DC, pelo Batman, Batgirl, Gotham City é tão grande que, como fãs, nunca poderíamos dizer não a outro projeto. Se tivermos a oportunidade de voltar a fazer parte disso, aproveitaríamos. Não tivemos a nossa oportunidade. Ainda a queremos”, reforçou Adil.
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