Quem gostou da reinvenção que
J.J.Abrams operou em
«Star Trek» em 2009, mantendo fidelidade ao conceito mas rejuvenescendo-lhe a fórmula, vai delirar com a sequela que estreia em junho,
«Além da Escuridão - Star Trek»: pelo menos é isso que se adivinha das primeiras imagens do filme que o SAPO Cinema viu num exclusivo para Portugal no IMAX de Londres, na companhia de cerca de 100 jornalistas de todo a Europa. Foram 30 minutos de uma fita que promete ser, desde já, o grande «blockbuster» de 2013.
Sem estragar muitas surpresas mas levantando a ponta do véu, podemos revelar que há uma sequência espetacular a anteceder o título da película, em que, comprovando a mestria narrativa do realizador, todas as personagens são reapresentadas de forma discreta mas eficaz: James Kirk (
Chris Pine), Spock (
Zachary Quinto), Bones (
Karl Urban), Sulu (
John Cho), Uhura (
Zoe Saldana), Chekov (
Anton Yelchin) e Scotty (
Simon Pegg). Na tentativa de impedir a erupção cataclísmica de um vulcão num planeta distante, a tensão e a ação são absolutamente vertiginosas e, para os mais versados no folclore «trekkie», há referências subtis à segunda fita da saga,
«Star Trek: A Ira de Khan», unanimemente considerada a melhor até à chegada de Abrams ao projeto.
A história em si arranca a seguir, já na Terra, com as consequências dessa aventura: Kirk pensa que vai finalmente receber a missão de navegar a Enterprise pelos cinco anos que compunham a série televisiva original, mas afinal vai ser punido por atitudes irrefletidas que não se coadunam com o que vem nos manuais. A responsabilização da personagem de Kirk deverá ser um dos motores narrativos do filme.
Mas o que faz lançar a ponta principal do enredo é mesmo o aparecimento de
Benedict Cumberbatch (o brilhante protagonista da série «Sherlock») no papel de John Harrison, um soturno e arrepiante ex-agente da esquadra estelar. Por alguma razão, ele semeia cirurgicamente a destruição entre as hostes da frota, em atos de terrorismo que vão tornar o filme numa verdadeira caça ao homem, que parece ter lugar mais no nosso planeta, mais concretamente na Londres do século XXIII, do que no interior da Enterprise ou no espaço sideral.
Tudo o que fez o sucesso do primeiro filme (e que de alguma forma invertia os pressupostos da série original) continua aqui: juventude, irreverência e muita velocidade. Há cenas de acção vertiginosas no meio de cenários gigantescos e espetaculares, como testemunha uma trepidante perseguição pelos ares entre Spock e o vilão, mas tudo continua a parecer estar lá para servir uma história sólida e um desenvolvimento de personagens sem mácula, todas com diálogos saborosos e margem para evoluir.
No cinema, J.J.Abrams acertou sempre em cheio, desde
«Missão Impossível 3» a
«Super 8», e parece aqui continuar a comprovar que ele é mesmo o Steven Spielberg do século XXI, capaz de casar personagens fortes, imagens espetaculares, ação vertiginosa, bastante humor e um «sense of wonder» que já vão sendo raros. No caso de «Star Trek» há um segredo que se viria a revelar profético: Abrams era fã de «Star Wars» e não de «Star Trek» e por isso realizou os filmes da Enterprise como se fossem fitas de Luke Skywalker.
A sua escolha para fazer renascer o império de George Lucas é certa a 100% já que o seu
«Star Trek» de 2009 foi tudo aquilo que
«Star Wars: A Ameaça Fantasma» quis ser e não conseguiu.
«Além da Escuridão - Star Trek» estreia em Portugal a 6 de junho.
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