Numa nova entrevista à Vanity Fair, a atriz Anne Hathaway recordou a fase em que se tornou um ativo tóxico em Hollywood após ganhar um Óscar com "Os Miseráveis" e como acha que o cineasta Christopher Nolan teve um papel decisivo na sobrevivência da sua carreira.
Foi em 2013 que a atriz se tornou uma das personalidades mais ridicularizadas e odiadas na Internet, depois de um início 'encantador' em Hollywood e com o grande 'patrocínio' da Disney com os filmes "O Diário da Princesa" (2001-2004).
Foi "O Diabo Veste Prada" (2006) que a lançou verdadeiramente para o estatuto de primeiro plano, mas a personagem da 'boa rapariga' Andy Sachs também criou um primeiro grupo de anti fãs conhecido por ‘Hathahaters’.
O ambiente começou a ficar mais negro online a 27 de fevereiro de 2011, quando apresentou com James Franco a cerimónia dos Óscares: geralmente visto como um dos maiores fiascos na história das estatuetas douradas, a atriz descreveu mais tarde a noite como o momento mais constrangedor da sua vida.
Escolhidos para captar um público mais jovem, foi ela que recebeu a maior parte da culpa quando, para compensar um parceiro praticamente sonâmbulo, se mostrou, nas suas próprias palavras, 'ligeiramente maníaca e hiper entusiasmada'.
Relatos de que era uma pessoa difícil e um antigo namorado que se revelou um vigarista aumentaram a antipatia, que culminou com a temporada de prémios de 2012-2013, com cada vez mais pessoas a acharem pouco sinceros e exagerados o entusiasmo, a emoção e até o sorriso nos discursos ao colecionar prémio atrás de prémio de Melhor Atriz Secundária com "Os Miseráveis" (2012).
Sem exagero, Anne Hathaway tornou-se online uma das estrelas de cinema mais odiadas da América. A atriz conta que pesquisou o seu nome após ganhar o Óscar e descobriu que um dos principais resultados era um artigo intitulado 'Por que é que toda a gente odeia Anne Hathaway?', o primeiro de vários que levaram até o respeitado jornal The New York Times a pegar no tema com outro artigo, 'Nós realmente odiamos Anne Hathaway?'.
Resultado: uma paragem na carreira por sentir que "as pessoas precisavam de uma pausa" de si.
"Muitas pessoas não me deram papéis porque estavam muito preocupadas com o quão tóxica a minha identidade se tinha tornado online”, diz agora à Vanity Fair.
"Tinha um anjo em Christopher Nolan, que não se importou com isso e deu-me um dos papéis mais lindos que já tive num dos melhores filmes em que já participei”, contou, referindo-se à cientista da NASA Amelia Brand em “Interstellar" (2014), dois anos depois de ser Catwoman em "O Cavaleiro das Trevas Renasce" (2012).
"Não sei se ele sabia que me estava a apoiar na altura, mas teve esse efeito. E a minha carreira não perdeu força como poderia ter acontecido se ele não me tivesse apoiado”, diz.
"É muito difícil passar por uma humilhação. O segredo é não deixar que isso nos deite abaixo. Uma pessoa tem de permanecer ousada e pode ser difícil porque se pensa ‘Se jogar pelo seguro [...], se não chamar demasiado a atenção, não vai doer’. Mas se quer fazer isso, não seja um ator. É um equilibrista na corda bamba. Temerário. Está a pedir às pessoas que invistam o seu tempo, dinheiro, atenção e cuidado em si. Portanto, tem de lhes dar algo que valha todas essas coisas. E se não lhe está a custar nada, o que é que realmente está a oferecer?", concluiu.
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