A Academia Portuguesa de Cinema anunciou hoje que estes cinco filmes são finalistas e vão agora ser submetidos a votação entre os seus membros, para se escolher qual o candidato de Portugal a uma nomeação para o Óscar de Melhor Filme Internacional em 2025.
Estes cinco filmes foram selecionados por um comité da academia, a partir de trinta longas-metragens de produção nacional consideradas elegíveis, com estreia ocorrida entre 1 de novembro de 2023 e garantida até 30 de setembro deste ano.
Das obras selecionadas, todas tiveram já estreia cinematográfica em Portugal, exceto “Grand Tour”, de Miguel Gomes, que chegará aos cinemas a 19 de setembro.
A história de "Grand Tour" segue um romance de início do século XX, com Edward (Gonçalo Waddington), um funcionário público do império britânico que foge da noiva Molly (Crista Alfaiate) no dia em que ela chega para o casamento.
Miguel Gomes fez um arquivo de viagem pela Ásia, passando por Myanmar (antiga Birmânia), Vietname, Tailândia ou Japão, para traçar o trajeto das personagens, recolhendo imagens e sons contemporâneos para uma longa-metragem de época de 1918. Só depois desse périplo, rodou as cenas com os atores em estúdio em Roma.
“Grand Tour” valeu a Miguel Gomes o prémio de melhor realização este ano no Festival de Cinema de Cannes, em França.
“A Flor do Buriti” é um filme de João Salaviza e Renée Nader Messora e foi rodado no território indígena da Kraholândia, no Brasil, onde já tinham feito “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos” (2019).
A narrativa foi construída com relatos históricos e conversas com indígenas e conquistou um Prémio de Elenco em 2023 em Cannes.
“Manga d’Terra” é a nova incursão do realizador luso-suíço Basil da Cunha no território social da Reboleira, na Amadora, e conta a história de Rosa (Eliana Rosa), uma jovem cabo-verdiana que adora cantar e deixa os filhos no arquipélago africano enquanto tenta a sua sorte em Portugal.
“O teu rosto será o último” e “O vento assobiando nas gruas” são duas adaptações literárias de romances de João Ricardo Pedro e Lídia Jorge, respetivamente.
Do romance de João Ricardo Pedro nasceu um filme de Luís Filipe Rocha sobre um jovem, Duarte, que não soube lidar com uma capacidade extraordinária, inata, de tocar piano, e que renegou também pelas circunstâncias familiares em que cresceu.
Com assinatura de Jeanne Waltz, realizadora suíça há muito radicada em Portugal, “O vento assobiando nas gruas” segue Milene, uma jovem mulher que, depois da morte da avó, se depara com uma família de tios que a despreza por causa de um problema de desenvolvimento mental.
À procura de respostas pela morte da avó, Milene ruma às instalações desativadas de uma antiga conserveira, ocupada por uma família cabo-verdiana emigrada, e onde se apaixona por Antonino Mata.
Estes cinco filmes foram escolhidos por um comité composto pela produtora Andreia Nunes, pela realizadora Cristèle Alves Meira, pela atriz Binete Undonque, pelo diretor de fotografia José Tiago, pelo realizador Luís Galvão Teles, pelo produtor Pedro Borges, pela argumentista Rita Benis, pelo ator Rui Morrison e pelo distribuidor Saúl Rafael.
A Academia Portuguesa de Cinema anunciará o filme candidato por Portugal a 11 de setembro.
A 97.ª edição dos Óscares está marcada para 02 de março de 2025 em Los Angeles, nos Estados Unidos da América, sendo os nomeados revelados a 17 de janeiro.
De acordo com a Academia Portuguesa de Cinema, desde 1980 Portugal tem submetido anualmente um candidato à categoria de Melhor Filme Internacional. No entanto, nunca houve um nomeado português nesta categoria.
À parte deste processo de seleção da Academia Portuguesa de Cinema, é possível ao cinema português entrar na corrida a uma nomeação aos Óscares, noutras categorias, consoante diferentes critérios de elegibilidade, como por exemplo, os filmes serem premiados em determinados festivais internacionais.
Na edição de 2023, pela primeira vez uma produção portuguesa esteve nomeada, na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação com “Ice Merchants”, de João Gonzalez, mas não obteve a estatueta dourada.
Este ano, a curta-metragem portuguesa “Um Caroço de Abacate”, do realizador Ary Zara, foi candidata a uma nomeação para o Óscar de Melhor Curta-Metragem (“Live Action Short Film”, na designação em inglês), mas não chegou às nomeações finais.
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